quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Diário Catarinense - Cinema | 02.08.2008

Novos olhares catarinas
Curtas de jovens cineastas do Estado no 19º Festival Internacional de São Paulo



Uma singela história de amores frustrados. Uma relação sadomasoquista num apartamento. A evolução espiritual de um homem. Três enredos, três jovens diretores catarinenses, o maior festival de curtas do país. Alexandre Franco, Maurício Antonangelo e Sebastião Braga dirigiram os três únicos curtas catarinenses selecionados para exibição no 19º Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo, de 21 a 29 de agosto.

Os filmes são Sofia, Ouroboro e A Caminho, dirigidos, respectivamente, pelas pessoas citadas acima. Os três são ex-alunos do curso de Cinema da Unisul e realizaram os filmes como trabalhos de conclusão. São mais que colegas de faculdade: são amigos e se ajudaram nas produções, desde simples troca de idéias a colaborações práticas. Alexandre Franco, por exemplo, fez a trilha sonora para o filme de Sebastião Braga. Eles foram selecionados entre cerca de 550 inscrições de curtas brasileiros para o festival. Ao todo, 107 estarão na programação. O coordenador dos programas brasileiros, William Hinestrosa, explica que a seleção é feita por um comitê de nove pessoas formado por integrantes da organização do festival e convidados. Todos os filmes inscritos foram assistidos por, pelo menos, cinco ou seis pessoas. Após as exibições, foram realizadas reuniões para debater as criações.

- É exaustivo devido a quantidade de curtas e a cada ano temos um número maior de inscritos. O Sofia foi um dos que chamou a nossa atenção, foi bem comentado no comitê de seleção. Consideramos um bom achado entre os universitários - ressaltou.

Enquanto Ouroboro e A Caminho foram inscritos pela Unisul - Sebastião Braga ficou sabendo da seleção para o festival pela reportagem - Sofia foi inscrito pelo próprio diretor. Por isso, será exibido na mostra nacional Panorama Brasil, enquanto os outros dois vão para a Cinema em Curso, exclusiva para universitários.

A professora da Unisul responsável pela seleção de curtas para inscrição em festivais, Tatiana Lee, comentou a escolha.

- O Festival de São Paulo pede os três trabalhos mais representativos feitos na instituição e destes, selecionaram dois, que inclusive se destacaram no 12º Florianópolis Audiovisual do Mercosul. Mandamos mais uns 10 para o Panorama Brasil. É o segundo ano que enviamos material para lá, que é uma mostra muito concorrida no país todo. Ficamos bem orgulhosos pelos três - reforça.

Oportunidade de contatos é o forte do festival

O festival não é competitivo, mas alguns parceiros oferecem prêmios com júris próprios, como o Canal Brasil. Os três catarinenses concorrem ao prêmio revelação, só para universitários, que consiste em serviços (horas de mixagem, transfer para película) e aluguel de equipamentos (câmera, luz) para um próximo filme em película 35mm.

- O festival tem como característica a oportunidade de contatos. Todos os realizadores recebem passagens e hospedagem. Fazemos questão de trazê-los para fazer essa troca de experiências. Recebemos vários curadores de festivais internacionais que vêm para ver os curtas brasileiros, essa nova geração de realizadores. Alguns têm a sorte de serem convidados para outras mostras. Tem debate sobre cinema universitário e são levantadas questões sobre o que se produz nas escolas de cinema e audiovisual. Esses filmes têm espaço forte no festival por dois motivos principais: primeiro porque é o maior público nosso e segundo porque eles mostram seus primeiros trabalhos aqui - situa William.

Não é a primeira vez que um curta catarinense é exibido no festival. No ano passado, foi selecionada a animação O Retrato de Doriana Extra Cremosa Com Sal, de Alan Langdon.

- Foi uma experiência interessante, o festival tem importância internacional. Tenho um trabalho que é experimental e bem independente, não é facilmente aceito em festivais. Para mim, ajudou a divulgar que aqui em Santa Catarina o pessoal está fazendo curtas legais, esses eventos ajudam a botar a gente no mapa, estão querendo saber o que é feito aqui. Foi uma honra. No currículo, vale mais que cinco festivais. Fiz vários contatos, me contrataram para fazer curadoria de filmes - afirma Alan, que é professor na Unisul e recém finalizou o documentário Sistema de Animação, co-dirigido por Guilherme Ledoux, sobre o baterista Toucinho.

( alicia.alao@diario.com.br )

ALÍCIA ALÃO
(http://www.clicrbs.com.br/diariocatarinense/jsp/default2.jsp?uf=2&local=18&source=a2090785.xml&template=3898.dwt&edition=10401&section=137)

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